09/06/2008

SÊ FELIZ SEM BARREIRAS
(9.06.2008)






A Ave
.
Voava em voo rasante
como se nesse instante
trouxesse o peso da vida inteira.
Pousou na areia suave
aquela pequena ave
de cabeça altaneira.
Correu, picou aqui e além
com a agitação de quem
está atenta, mas ansiosa.
Foi marcando a areia lisa
de marcas suaves, que a brisa
ia apagando criteriosa.

Sumiam as marcas na areia
e as minhas, da vida inteira
fugiam na brisa cálida.
A alma, plena de mar
leve, partiu a voar
deixando a velha crisálida.

Voou a andorinha no céu,
como fosse reino seu,
as alturas conquistando.
Teceu bordados no ar,
perdeu-se para lá do mar,
livre, sempre voando.

A par da pequena ave
cruzei mar sem bote ou nave,
subi no azul sem fronteiras,
saltei no algodão das nuvens,
sequei ao sol as penugens,
fui livre e feliz sem barreiras.


Helena Guimarães

05/06/2008

PARA TI... MINHA QUERIDA!











.
.
.
Essa mulher, a doce melancolia
dos seus ombros, canta.
O rumor
da sua voz entra-me pelo sono,
é muito antigo.
Traz o cheiro acidulado
da minha infância chapinhada ao sol.
O corpo leve quase de vidro.
.
.
Eugénio de Andrade